Membros da milícia Escritório do Crime ligaram para políticos da
família Brazão, do Rio de Janeiro, para tentar evitar pagamento de propina a 1
funcionário da Prefeitura da cidade. Foi o que revelaram ligações interceptadas
feitas na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco
(Psol). Segundo o portal UOL,
essa foi a 1ª prova factual de suposta ligação da milícia com 1 clã político
carioca e 1 grupo parlamentar.
Marielle e seu motorista
Anderson Gomes foram assassinados a tiros em
14 de março de 2018.
Escritório do Crime é uma facção criminosa responsável por
assassinatos de aluguel, agiotagem, serviços de segurança, venda de gás e de TV
a cabo ilegais, além de construção de prédios irregulares. O grupo domina
bairros da zona oeste do Rio.
- Já a família Brazão é formada por políticos cariocas que, ainda de acordo com o Uol, têm base eleitoral em bairros dominados por milícias. O líder do grupo político é o ex-deputado e conselheiro afastado do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro), Domingos Brazão. Ele é suspeito de ser mandante da morte de Marielle, mas sua defesa nega envolvimento com o caso.
Ligações telefônicas
Documentos
obtidos pelo Uol revelam 1 diálogo telefônico, feito no dia 19 de outubro de
2018, entre Fábio Campelo Lima, apontado como despachante da milícia, e Manoel
Brito Batista, conhecido como “Cabelo”, outro membro do grupo criminoso. Fábio
mantinha 1 esquema de pagamento de propinas a servidores públicos, em troca de
benefícios aos negócios irregulares do Escritório do Crime.
Naquele
dia, 1 funcionário da Prefeitura havia cobrado R$ 3.000 para a liberação de 1
alvará de uma empresa da milícia. Como achou o valor caro, ligou para Manoel
para ver outra forma de conseguir o documento. Eis 1 trecho da conversa:
Fábio: “E o rapaz lá não deu a resposta, não, do Brazão?”
Manoel: “Não deu não e eu acabei esquecendo. Vou dar uma ligada
pra ele aqui”
Fábio: “Se ele conseguir isso vai ser uma boa, não sei qual foi
o acordo aí que você fez com ele”
Após
a ligação,Manoel ligou para João Carlos Macedo da Silva, assessor parlamentar
do deputado estadual Pedro Brazão na Assembleia Legislativa do Rio. Pedro é
irmão de Domingos Brazão.
João Carlos: “Oi, Manoel”
Manoel: “Tem alguma notícia para seu amigo?”
João Carlos: “Não, não, não… ainda não… eu fui lá hoje, mas
sexta-feira ele só apita [marca presença], sai para almoçar e não volta mais,
segunda-feira eu tô lá com ele lá”
Manoel: “Segunda a gente vê então”
João Carlos: “Isso, é, pode ficar tranquilo, tá bom, meu amigo?”
No
dia 22 de outubro de 2018, 3 dias depois desses diálogos, Manoel ligou para 1
gerente de sua loja de materiais de construção, cujo nome não foi citado na
matéria.
Gerente: “Como é que ficou a situação lá do negócio do alvará?”
Manoel: “Cara, eu mandei soltar, paguei os R$ 3 mil, eu pelejei,
levei pro Pedro, aquele amigo lá, o Pedro Brazão…”
Gerente: “Ham, ham”
Manoel: “Aí me atendeu, ‘vou ver pra tu’, aí eu liguei agora três
horas não me atendeu”
O
nome de Pedro Brazão havia sido citado em conversa mais cedo entre Manoel e
Fábio, em que Manoel autoriza o pagamento da propina de R$ 3.000 ao funcionário
da Prefeitura.
O outro lado
A
reportagem da Uol informou que tentou ouvir João Carlos e Pedro Brazão, mas
eles não foram localizados nem atenderam as ligações. O advogado de Domingos
Brazão foi contatado e reiterou inocência do seu cliente.
Manoel
e Fábio foram presos na Operação Intocáveis como integrantes da milícia, mas
alegam inocência.
Fonte: ESTADÃO
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